Amélie Boudet, a grande Dama do Espiritismo

Amélie Boudet nasceu em 23 de novembro de 1795, na França. Apaixonada pela educação e arte em geral, também foi escritora e, sem dúvidas, uma mulher à frente de seu tempo.

Hoje ela é tema de nosso artigo. Uma pequena homenagem à Grande Dama do Espiritismo – acompanhe!

Amélie Boudet: inteligência e amor pelas artes

No dia 23 de novembro de 1795, em Thiais (França), nascia a menina Amélie Gabriele Boudet, filha do tabelião Julien-Luis Boudet  e de Julie-Loise Seigneat de Lacombe.

Apelidada de Gaby, desde pequena mostrou inteligência, força e bondade. Além do francês, falava latim e conhecia o grego e, sob influência da avó materna, gostava de música, pintura, artesanato, escultura, teatro, dança, literatura.

Cursou o primário na sua cidade natal, mudando-se para Paris em 1810 onde formou-se em Pedagogia na Escola Normal Leiga, que seguia a metodologia de Pestalozzi.

Aos 19 anos, graduou-se como professora de Primeira Classe, equivalente ao magistério, para alfabetização de crianças.

Mas não parou por aí, sendo professora de Letras e Belas Artes e trabalhando na respeitada instituição de ensino do Educador David Lévi Alvarès – um dos grandes nomes da pedagogia à época, reconheceu que a Srta. Boudet foi essencial para que sua escola recebesse condecoração do Ministro da Instrução Pública.

Amélia Boudet possuía ideias e conhecimentos próprios sobre arte. E também foi poetisa, artista plástica e como escritora publicou os livros: Contos Primaveris, Noções de Desenho, O Essencial em Belas Artes.

Rivail e Boudet se encontram e iniciam sua bela parceria

Quem vê a imagem que abre este artigo pode pensar que Amélie Gabriele Boudet, a Sra. Allan Kardec, era uma mulher submissa ao esposo, que cuidava da casa e não desempenhava nenhuma tarefa além daquelas do lar.

Grande equívoco. Gaby foi uma mulher muito à frente do seu tempo, desde cedo demonstrando seus dotes intelectuais.

Imersa no meio cultural, conheceu o professor Hypollite Léon Denizard Rivail – mais tarde mundialmente conhecido por Allan Kardec.

Tinham amigos em comum e admiravam as artes, participando de atividades culturais, o que nos leva a crer que podem ter se encontrado em uma dessas ocasiões, sendo apresentados por algum conhecido de ambos.

O fato é que cerca de dois anos após terem se conhecido, se casaram. Era 6 de fevereiro de 1832 e o casal viveu feliz e só se separou em março de 1869, quando Allan Kardec desencarna.

Um casal especial que amava a Educação

Juntos, o casal Kardec criou uma instituição de ensino onde reservavam parte das vagas para famílias menos abastadas e para meninas.

O ensino para meninas não era prioritário, à época, mas os professores acreditavam que a educação era essencial para todos, inclusive para as mulheres, da mesma forma que os meninos, tivessem acesso ao estudo. E Gaby sabia muito bem como era difícil para uma mulher, à época, ter oportunidades para estudar e trabalhar.

Em função de alguns problemas, atravessam momentos de dificuldade financeira e acabam fechando a escola, mas continuam a dar aulas em seu apartamento, ao mesmo tempo em que Rivail também traduz obras para outros idiomas e realiza outros trabalhos.

Amélie Boudet e seu papel essencial na Codificação Espírita

Quando Kardec iniciou o trabalho que resultou na Codificação Espírita – livros que formam os fundamentos espíritas – teve em sua esposa a incentivadora maior e sua parceira de trabalho, por assim dizer.

O lançamento da obra inaugural do Espiritismo, O Livro dos Espíritos, foi pago com dinheiro do casal e, a partir do momento que a Doutrina Espírita passou a ser conhecida, eles recebiam pessoas dos mais variados perfis e lugares no pequeno apartamento em que moravam.

E era Amélie Boudet quem se desdobrava para a boa recepção dos convidados. Ela também foi o braço direito do esposo no lançamento das demais obras da Codificação Espírita, na fundação e direção da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas (SPEE).

Acompanhou o marido nas viagens para conhecer outros companheiros de ideal, nas chamadas Viagens Espíritas, cuidou dele, deu amparo, opinou… Enfim, teve papel determinante na pesquisa e lançamento dos livros que compõem os fundamentos espíritas.

Amélie Boudet e a defesa do legado espírita

Após o desencarne de Kardec, em 31 de março de 1869, Amélie Boudet, aos 74 anos, luta para manter o legado da Codificação e  do Codificador.

Após transferir o direito das obras da Doutrina Espírita para um fundo administrado pela SPEE, deixa de ser escutada pelo novo comando da instituição e assiste, sem nada poder fazer, ao desvirtuamento do trabalho irretocável de Kardec.

Sem desistir, ao lado de amigos funda uma nova associação para defender os princípios doutrinários. Em 1875, aos 80 anos, durante o Processo dos Espíritas, usa toda sua coragem para defender os princípios espíritas.

Mesmo sendo desrespeitada por alguns “espíritas”, por ser mulher e idosa, não esmoreceu. Manteve-se firme até o dia de seu desencarne, em 21 de janeiro de 1883, aos 87 anos!

Amélie Boudet, grande Dama do Espiritismo, nossa gratidão por seu belo trabalho e por todo seu empenho e respeito à Doutrina Espírita que tanto amamos!

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